Reunião pública de 11/9/59 - Questão nº 155
Por muitas sejam as tuas dores, repara o mundo em que a Divina Bondade
te situa a existência e deixa que a vida te renove a esperança.
Tudo é serviço por toda parte.
Apesar dos profetas do pessimismo, bulcões ameaçadores transformam se,
na hora da tempestade, em lagos volantes, acalentando a gleba sedenta;
fontes de longo curso atravessam as garras pontiagudas da rocha,
convertendo-se em padrão de pureza; pântanos drenados deitam messes de
reconforto e árvores podadas multiplicam a produção.
Todas as energias que sustentam a Terra esquecem todo o mal, buscando
todo o bem.
Dir-se-ia que o próprio Senhor criou a noite como exaustor das
inquietações do dia, para que o homem, cada manhã, consiga reaprender e
recomeçar.
Colocado, assim, no trono da razão, ante os elementos inferiores que te
servem, humildes, olvida a sombra para que a luz te favoreça.
Ouve a própria consciência, seja qual for a idéia religiosa a. que te filias, e
perceberás que nasceste para realizar o melhor.
E quem realiza o melhor desconhece o que exprima ofensa ou
descaridade, porque a ofensa é espinho da ignorância e a descaridade é chaga
da delinqüência, que somente a educação e o remédio conseguirão liquidar.
Tudo aquilo que desfrutas é depósito santo.
Dotes de espírito e afeições preciosas, autoridade e influência, títulos e
haveres são talentos emprestados que devolverás na hora prevista.
Desse modo, ainda mesmo que a maioria te escarneça o propósito de bem
fazer, perdoa sempre e fase o bem que possas.
O tempo que te traz hoje a oportunidade presente será amanhã o portador
do minuto necessário à grande transição que a morte impõe sempre a justos e
injustos... E, na grande transição, o bem que houveres feito, muita vez
superando sacrifícios e trevas, ser-te-á o orvalho fecundante depois da nuvem,
a água pura acrisolada na pedra, o ramo virente a destacar-se do lodo e o fruto
opimo a pender do tronco dilacerado.
Segue, pois, ao clarão do bem, para que o crepúsculo das forças físicas te
descerre a senda estrelada.
Não digas que tens o lar à feição de penitenciária, que te falta a
compreensão alheia, que não dispões de recursos para ajudar ou que sofres
inibições invencíveis.
Recorda que, certo dia, um anjo transfigurado em homem subiu agressivo
monte, sentenciado à morte sem culpa, mas, em razão de haver aceitado a
cruz, por amor de todos, embora desolado e sozinho, clareou para sempre a
rota do mundo inteiro.