Reunião pública de 14/9/59 (Questão nº 4)
Revelando avançada paranóia, pela hipertrofia do orgulho ante as
conquistas da civilização atual, há quem pretenda banir a idéia de Deus do
pensamento humano, encastelando-se na demência disfarçada de grandeza.
No torvo cometimento, situam-se todos os mentores do ateísmo histórico e
prático, notadamente entre os povos-polvos, sequiosos de hegemonia e
influência.
Todavia, quantos se consagram a semelhante monstruosidade do
raciocínio esquecem-se de que apenas há quatro lustros as nações mais cultas
do Globo se empenharam em pavorosa carnificina.
No prélio terrível, salientavam-se os países superalfabetizados do mundo...
Bastaram, porém, simplesmente alguns meses de luta para que se
rebaixassem à condição de feras, fazendo renhir as garras sanguisaedentas e
fulminando as aquisições do espírito, com o objetivo de aniquilar a soberania
da razão.
Quanto acontece agora, dispunham todos eles de tratados que lhes
salvaguardavam as instituições livres...
Isso, no entanto, não impediu esquecessem os compromissos
internacionais, arrasando cidades abertas e incendiando vilarejos pacíficos.
Enfileiravam largas bibliotecas de ciências sociais, em louvor da dignidade
humana, mas caíram como chacais sobre mulheres e crianças indefesas,
cruentando populações inermes.
Contavam com alevantado progresso da navegação marítima e com
elevados princípios a lhes nortearem os movimentos, mas converteram os
oceanos em teatros de pirataria e de sangue.
Possuíam as mais nobres invenções, quais o avião e o rádio, o cinema e a
grande imprensa, inclusive o domínio iniciante da energia nuclear; contudo,
mobilizaram todos esses recursos no assalto a lares e hospitais, escolas e
templos.
Nos campos reservados à concentração de prisioneiros, o envenenamento
e o suplício da fome, a bestialidade e o assassínio foram considerados atos
legais.
Do sinistro balanço constaram milhões de cadáveres, milhões de mutilados,
milhões de órfãos, milhões de feridos, milhões de desajustados...
Não valeram descobertas da indústria, avanços da ciência, alturas
filosóficas, ajustes políticos ou exaltações das letras.
Tudo desceu às trevas da carnagem.
É que, quando a ambição se desregra entre os homens, cresce a força da
injustiça, e, quando a injustiça se erige como poder supremo na face da Terra,
habitualmente aparece o esquecimento de Deus, no âmago das elites. E, com
o esquecimento do Criador, desentendem-se as criaturas, gerando conflito e
destruição.
Entregue ao livre-arbítrio, nos recessos da própria alma, pode o homem
olvidar a Paternidade Divina e escarnecer a idéia religiosa que lhe traça roteiro
moral, mas tomba nos arrastamentos da irresponsabilidade e da delinquência; pode, com ingratidão e crueldade, pregar à vida o desrespeito a Deus, mas a
vida lhe responde com as trevas do caos.